Resumo
O financiamento do Estado brasileiro acabara adquirindo, de 1964 a 1993, diferentes modalidades orçamentárias e extra-orçamentárias para a execução dos projetos de desenvolvimento e para outras funções de fechamento das contas públicas. No entanto, a dívida pública interna representara muito mais um instrumento de valoração do capital financeiro e de formação do estoque de riqueza a partir da figura das “quase-moedas” (títulos públicos indexados) do que um meio de captação de recursos para o financiamento clássico não-inflacionário do setor público. A metodologia keynesiana se encaixa justamente aí, ao identificar o fenômeno da preferência pela liquidez em favor dos títulos públicos indexados, em que os principais agentes da economia especularam contra a própria moeda nacional durante os choques externos dos anos 70, e durante todas as crises de vulnerabilidade externa nas décadas seguintes. Especulações tais, viabilizadas pelas debilidades estruturais do balanço de pagamentos no decorrer dessas décadas. Transformando inclusive, o próprio Estado, num parceiro do setor financeiro, na participação dos ganhos crescentes conforme avançava a aceleração inflacionária.