Resumo
Este artigo pretende avaliar teoricamente, para a macroeconomia brasileira no período que compreende os governos de Dilma Rousseff (2011-2016) e Michel Temer (2016-2018), a pertinência do conceito de “greve de investimento” (Streeck, 2011), segundo o qual aspectos políticos e ações governamentais poderiam levar a classe capitalista a uma perda de confiança e consequente retração de investimentos, com impacto recessivo sobre a trajetória da economia. Para tanto, serão apresentados conceitos oriundos da produção intelectual do economista Michal Kalecki, em especial o seu modelo de 1954 de determinação de investimento, bem como dados da economia brasileira e textos de economistas intérpretes do período. Essa análise está inserida no arcabouço teórico Keynesiano-Kaleckiano do príncipio da demanda efetiva. Em suas conclusões, o artigo aponta para a inconsistência do conceito exposto por Streeck para o Brasil, dado o caráter concorrencial do sistema capitalista e o fato de a produção, tanto no curto quanto no longo prazos, ser determinada pela demanda efetiva.