Resumo
O artigo propõe uma análise das políticas de controle sobre as importações tecnológicas estabelecidas no Brasil na segunda metade do século XX. Partindo-se de uma reflexão sobre o processo brasileiro de industrialização, aponta-se o acesso à tecnologia como questão problemática. Uma vez definidos as demandas de segmentos dinâmicos do empresariado nacional, o Estado passa a atuar, a partir dos anos 1970, como instância de intervenção sobre o mercado tecnológico, tendo em vista o fortalecimento do poder de barganha dos compradores e a efetuação de um controle sobre as remessas ao exterior. Examinam-se os mecanismos de representação dos interesses empresariais, seu comportamento diante da intervenção governamental, bem como a emergência de conflitos intraclasse, tomando-os como fatores determinantes (embora não exclusivos nem suficientes) para uma inflexão no tratamento governamental para a matéria, caracterizada a partir da década de 1990. Tal reflexão histórica tenciona contribuir para análises posteriores sobre os impactos provocados por diferentes políticas sobre o processo nacional de desenvolvimento.