Resumo
Uma recente investigação de fundo constatou, para o caso do Alto Alentejo no período da Monarquia Constitucional (1834-1910), a par da forte participação do setor público no plano assistencial, alguns contributos individuais do setor privado, inspirados em sentimentos filantrópicos e/ou caritativos e integrados em estratégias de poder por parte dos grupos dominantes, designadamente no plano asilar, destinados à infância e à pobreza inválida. Entre estes contributos contam-se os da família de industriais corticeiros Robinson, que nos propomos analisar neste artigo. Os Robinsons destacaram-se pela participação na assistência à infância desvalida e pela promoção de um debate teórico, com resultados práticos, acerca do papel relativo do Estado e do setor privado na assistência em geral. Concretamente, fizeram parte da Associação Protetora do Asilo Distrital de Infância Desvalida, desde o início (1873), tendo contribuído com as quotas mais elevadas, e estiveram associados à criação da Creche João Batista Rolo (Portalegre, 1905), que, como era caraterístico destas novas instituições da assistência infantil, esteve ligada a uma grande unidade industrial, a Fábrica Robinson. Estiveram ainda no centro do debate ideológico que levou à criação da Associação Protetora dos Pobres de Portalegre (1906).