Resumo
A ciência possui o status social de ser o veículo de discursos verdadeiros sobre a realidade. Na ciência social, a verdade pode ser ocluída por discursos falsos, sendo aceitos como uma descrição objetiva da realidade social. Talvez a Economia seja a ciência social na qual esse divórcio da realidade seja mais visível. Acusações acerca da irrealidade dos supostos da economia mainstream têm sido feitas desde a revolução marginalista do final do século XIX e da consolidação do programa de pesquisa neoclássico ao longo do século XX. O objeto desse artigo são os debates em economia institucional do final do século XIX e início do século XX. Pretende-se mostrar como a Economia mainstream usa a crítica não para construir uma visão mais objetiva da realidade econômica, mas para ampliar o conjunto de problemas considerados em seu arcabouço teórico, numa postura que podemos denominar como cientificidade conspícua.