Algumas possibilidades de acumulação fora do mercado da elite imperial brasileira no século XIX (Fazenda Imperial de Santa Cruz, Rio de Janeiro, 1808-1840)

Resumo

Nosso objetivo nesta pesquisa é provar que os homens que receberam terras sob forma de aforamentos na região do Vale do Paraíba Fluminense durante a primeira metade do século XIX conseguiram contornar a tão incômoda renda fundiária de uma aquisição de terras nos moldes capitalistas. Assim se criaram a maior parte dos “barões do café” do Império Brasileiro. Nesse caso, provaremos a funcionalidade dos instrumentos de um “Antigo Regime nos trópicos” para as modernas formas de acumulação primitiva nestes mesmos trópicos: o acesso à terra, pré-requisito indispensável para a acumulação no circuito cafeeiro-exportador, não era viabilizado pelas regras de um mercado livre, nem requeria poupança ou investimentos prévios. A terra era tratada como um mercê, fora deste mercado, conseguida pela proximidade pessoal, influência política ou trocas diretas com o monarca.

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