Resumo
Este ensaio pretende analisar as políticas estatais implantadas durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1988) para o setor da indústria de construção pesada. Oriundo de uma pesquisa maior acerca da relação dos empresários da construção pesada com a ditadura, tentamos indicar como os empreiteiros - a partir de sua organização e posicionamento nas agências estatais - foram beneficiados pelas políticas públicas postas em prática a partir do golpe de Estado de 1964. Apesar de perceber nuances de momento a momento e de governo a governo dentro da ditadura, concluímos que esses empresários foram amplamente favorecidos pelas medidas e políticas postas em prática pelo aparelho de Estado, o que foi um fator decisivo para que algumas empreiteiras crescessem, se ramificassem e se internacionalizassem ao final da ditadura, tomando então um porte de capital monopolista, além de terem se tornado importantes agentes econômicos e políticos da transição e do novo regime estatal inaugurado em 1988.